Isabela Grecco, produtora de eventos e balonada.
Dr. Bruno Sander conta sobre sua experiência como balonado e do aumento crescente pela técnica do Balão Intragástrico, em entrevista para a revista Viver Brasil.
Ele se tornou popular com a proibição de medicações antiobesidade, retiradas pela Anvisa do mercado. Basta fazer uma busca online. Blogs, discussões nas redes sociais, páginas inteiras em que os balonados – como são chamados aqueles que fizeram o procedimento de colocação do balão intragástrico, bola de silicone esférica com 400 ml a 700 ml de soro fisiológico colorida com azul de metileno – contam suas experiências com o objeto que ocupa 70% do estômago. A meta é emagrecer. Sem cortes e histórico de grandes complicações, o método ganha cada vez mais adeptos e uma pergunta – serve para todo mundo? Não, não serve. Apesar de o público apto para o balão ser bem amplo, há exceções e uma série de variáveis que exigem muito comprometimento, e acompanhamento, para dar certo. É preciso mudar hábitos alimentares, fazer exercícios físicos, ter apoio psicológico. É cada vez mais corriqueiro ver noivas que querem emagrecer e resolvem colocar o balão duas semanas antes do casamento e o tiram um dia antes da festa.
Ou aquela pessoa que deseja ir a um evento especial e não está se sentindo bem com o seu corpo. Na discussão, especialistas se dividem. Há aqueles que não veem problemas no uso indiscriminado, enquanto outros advertem que ainda não há na literatura médica grandes estudos sobre a técnica. O fato é que, além do preço considerado alto – que varia entre oito mil a 10 mil reais –, o viés imediatista para o emagrecimento pode ser um tiro pela culatra. É preciso tratar o todo para ter chances reais de os quilos perdidos não voltarem nunca mais.
Essa é a meta da produtora de eventos Isabela Grecco, 30, que, depois do fim de um relacionamento, da perda do controle da balança e de problemas de hipertireoidismo, resolveu apostar no balão intragástrico como alternativa para o emagrecimento. Menos de 20 dias depois do procedimento, ela já comemora 7 kg a menos – a meta é perder 20. Diz que colocar o balão foi uma mudança radical na vida. De baladeira, a moça agora só sai à noite para o extremamente essencial. Parou de beber, e a comida passou a ser saudável. “Quem faz eventos tem uma rotina muito louca e, às vezes, não dá nem para fazer uma refeição saudável. A gente come o que aparece pela frente. E isso leva a um descontrole”, conta. Os lanchinhos saudáveis e frutas passaram a ser companheiros de Isabela, que diz seguir rigorosamente o que a nutricionista tem pedido a ela. “Como, atualmente, 1/3 do que comia antes. E, posso garantir, fico muito satisfeita. Comia além do que precisava”.
A experiência com o balão tem sido tão positiva que Isabela resolveu criar um blog, o Agora Vai, com uma amiga, a cantora Ana Luiza Nolli Merrighi, 39. Nolli, como é chamada pelos amigos, foi a primeira a ter o desejo de tentar emagrecer com o balão. Falou com Isabella e as duas decidiram fazer o procedimento com dias de diferença. A cantora teve síndrome do pânico há um ano e meio. No processo, saiu de 68 quilos para 92 quilos. Ao contrário de outras épocas, em que engordar e emagrecer era corriqueiro e fácil, em sua vida, quando Nolli precisou perder peso, não conseguiu. “Ouvia falar do balão há algum tempo – minha tia e duas amigas colocaram e deu tudo certo. Corri atrás de informações, esclareci vários pontos com o meu médico e resolvi pelo procedimento”. Menos de um mês com o balão, a vida está em processo de adaptação. Ela define os três primeiros dias como horrorosos, salvos pela tríade isotônico, água de coco e picolé. Refluxo, náuseas e dores de estômago foram os principais sintomas. Agora, com acompanhamento psicológico, o passo é controlar a ansiedade e mudar a relação com o alimento. “Afinal, sou de uma família de italianos. Cresci em volta da mesa em que todos os eventos envolviam comida, bebidas e tudo mais”, diz.
A colocação do balão é um procedimento simples, que dura alguns minutos, e o paciente pode ou não estar sedado. Na prática, o balão gástrico é introduzido vazio, com uma câmera de endoscopia. Quando chega ao estômago, é preenchido com o soro e colorido com o corante azul, de metileno. Tudo para que, se ocorrer acidentes e ele for perfurado, o líquido faça a urina sair azul, dando o sinal de alerta. Já o desconforto sentido por Nolli tem razão de ser. Nos primeiros dias, o estômago sente o balão como um corpo estranho que precisa ser eliminado. As contrações do estômago provocam dor, náuseas, refluxos e vômitos. O desconforto é temporário e dura de três a 15 dias. Em média, o balão pode ficar no estômago de seis a oito meses. Tem que ter acompanhamento médico mensal, além de psicológico, nutricional e de preparo físico. Os ganhos podem ser compensadores, com perda acima de 10% do peso total e, dependendo do paciente, chegar a quase 40% de perda do peso total.
Paciente da Clínica Sander fala sobre o sucesso do seu tratamento
A retirada do balão é considerada pela maioria dos balonados como o teste definitivo para o tratamento. A dona de casa Ana Márcia Ferreira dos Santos, 31, passou de 76 kg para 107 kg com o nascimento do filho, há 12 anos. Colocou o balão em fevereiro deste ano e o retirou em julho. Perdeu 25 kg e gostaria de perder mais quatro. Com o balão, mudou seus hábitos alimentares. Sem ele, num rasgo de sinceridade, diz que antes comia besteiras todos os dias. Hoje limita-se aos finais de semana. Depois de julho, perdeu algum peso, mas acha que essas falhas contribuíram para que não alcançasse a meta. “Dei uma relaxada na minha alimentação. Agora estou fazendo a dieta da sopa para conseguir perder mais peso”, diz.
De médico a paciente
Especialista no procedimento endoscópico de introdução e retirada do balão intragástrico, o médico Bruno Sander resolveu, há dois anos, testar o procedimento em si. “Sempre briguei com a balança. Em novembro de 2011, estava com 126 kg. Foi um paciente que me falou: ‘doutor, por que o senhor não coloca também o balão?’. Minha desculpa rotineira era que não havia alguém em quem confiasse para fazer o procedimento. Até que conversei com meu preceptor de um curso no hospital Sírio Libanês e ele se dispôs a colocá-lo. Foi rapidinho. Com o balão, acompanhamento e exercícios, passei a pesar 85 kg”, conta.
O fato de o balão intragástrico se tornar um filão não preocupa o médico. Ele mesmo reconhece que meses como setembro, outubro e novembro são os mais procurados por aqueles que estão mirando as férias e o verão. O acompanhamento do paciente e a mudança de hábitos, em sua opinião, vão garantir os bons resultados. Há também várias pessoas que, mesmo com o índice de massa corpórea (IMC) abaixo de 27 – índice indicado para o balão intragástrico –, insistem em fazer o procedimento. “Não coloco, mas sempre tento explicar que ele não precisa de um balão para emagrecer, bastam mudanças de hábito”, diz.
No caso de seus pacientes, Sander faz questão de marcar uma consulta mensalmente para acompanhar a alimentação e as atividades físicas. Não há nenhum exame para ver o posicionamento do balão, à exceção se o paciente reclamar de dores ou desconfortos anormais. Outra indicação é que, se o paciente perceber a urina azul, deve ligar para o médico imediatamente. Tudo porque, o balão pode passar do estômago para o intestino, obstruindo este último. A retirada, nesse caso, só com cirurgia.
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Fonte: Revista Viver Brasil - Outubro 2013