sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Balão intragástrico é o 'queridinho da vez' para quem quer emagrecer

 

Proibição da venda de inibidores de apetite pela Anvisa, aumento do índice de obesidade no país e complicações e riscos da cirurgia bariátrica influenciam opção de quem quer e precisa perder peso.

Apesar da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED) não ter os números de quantos balões intragástricos são colocados no Brasil anualmente, a alta demanda é sentida pelos próprios médicos. Cirurgião geral, gastroentorologista, endoscopista e especialista em tratamento de obesidade com balão intragástrico, Bruno Sander afirma que a explosão da demanda foi sentida de um ano e meio para cá e coincide com a decisão da Anvisa de proibir os inibidores de apetite. “Desde 2009, a cada ano que se passa, a colocação do balão cresce 50% em relação ao ano anterior. Em 2012, eu colocava 25 balões por mês. Neste ano, são 35 a cada 30 dias”, revela.

Balão intragástrico: entenda o procedimento
Qualquer pessoa que tem o IMC maior que 27 pode fazer a colocação do balão intragástrico que fica 6 meses no estômago do paciente. Bruno Sander explica que é considerado obeso quem tem o IMC acima de 30. Grávidas e pacientes que já fizeram alguma cirurgia no estômago não podem passar pelo procedimento. “Se uma mulher engravidar com o balão, precisa retirá-lo imediatamente”, observa.

A colocação do balão intragástrico pode ser repetida quantas vezes o paciente quiser desde que respeitado um intervalo de dois meses. “É uma proposta de emagrecimento saudável, não há nada que agrida o organismo, é apenas um impulso mecânico para causar saciedade no paciente. É um paliativo”, explica Jimi Scarparo.

Crianças podem colocar o balão 
Crianças acima de 12 anos podem colocar o balão intragástrico desde que tenham um laudo psiquiátrico que comprove a maturidade do paciente para entender o procedimento e mudar o estilo de alimentação. É indispensável também o acompanhamento dos pais em todo o processo. “No caso de crianças e adolescentes, pai e mãe são diretamente responsáveis. Se os pais não colaborarem, o resultado não será satisfatório, é preciso uma mudança alimentar da família toda”, afirma Bruno. 
Nesses casos, Bruno enumera os fatores principais para realizar o procedimento: “a criança tem que querer perder peso; os pais têm que estar dispostos a mudar os hábitos alimentares e a obesidade”. Segundo ele, uma criança obesa tem 90% de chance de ser tornar um adulto obeso. “Isso pode gerar uma série de problemas de saúde”, explica. 

Pode estourar?
O balão é feito de silicone e preenchido com soro e corante azul. “Caso ele se rompa, a urina sai dessa cor. Isso não representa risco. O que precisa ser feito é a substituição”, explica Bruno Sander. O médico alerta, entretanto, que se o balão não for retirado e substituído existe um risco de o material descer para o intestino e obstruí-lo. “Isso é muito raro. A descrição da literatura médica aponta o rompimento em dois pacientes para cada mil”, diz. 

Ele conta que o Brasil registrou um caso desses em 2002. “O balão se rompeu, o paciente não procurou o médico porque já estava próximo à data de retirada e precisou passar por uma cirurgia”, explica. Nos raros casos em que o rompimento acontece, o produto é retirado também por endoscopia. 

Recuperação 
Os sete primeiros dias são considerados período de adaptação e o paciente pode ter vômitos e dor. “Pacientes relatam uma dor parecida com a cólica menstrual, dor em aperto, como se uma mão estivesse apertando e soltando o estômago”, explica. É importante dizer que o limiar de dor é individual e alguns pacientes podem achar o incômodo mais forte. 

Quando começar a se exercitar 
O paciente pode retornar ao trabalho entre três e cinco dias após colocar o balão. As atividades físicas são recomendadas 15 dias após o procedimento. 

Resultados 
Jimi Scarparo diz que ainda existem poucos estudos que avaliam a eficiência da colocação do balão intragástrico. “O índice médio de emagrecimento é 20% do peso total. Dos que emagrecem, 60% voltam a engordar”, afirma. Novamente, o especialista aponta a falta de empenho do paciente. “Aquele que não se propõe a mudar a vida e não consegue sustentar hábitos saudáveis vai engordar novamente”.

Bruno Sander diz que os pacientes que conseguem manter o peso perdido por até um ano após o procedimento, a porcentagem de ganho cai drasticamente e a tendência é manter. “A literatura médica mundial aponta que 20% dos pacientes ganham até metade do peso que perderam no primeiro ano após a colocada do balão e 80% tendem a ter um reganho de peso de até 10% do que perderam também no primeiro ano”.
Fonte: Site Saúde Plena - Portal UAI

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